O aluno Renan de Oliveira teve o seu caderno posto em cativeiro, simplesmente o objeto sumiu. Aquilo era um escândalo, não pelo fato do furto, mas por se tratar daquele proprietário: Renan de Oliveira, um dos mais ilustrados seres daquele lugar. E como essas pessoas se julgam e são julgadas como intocáveis, o crime não poderia ser cometido pela plebe e sim por outro intocável: Menkell. Acusado até pelos seus mais íntimos, foi ele condenado pela opinião pública - que nem era tão pública assim - como sequestrador de cadernos. Nada nunca foi provado. Quanto ao caderno, foi achado no dia seguinte."
Hipóteses de Hipopótamos Hipócritas.
E havia um caderno,
que muito de repente sumiu!
As linhas se desenfileiraram em um longo linho
encaracolado em branco e azul,
a servir de bola ao gato.
O gato da china - de tinta nanquim -
desenhado arbitrariamente
na palidez de tua folha
Tua folha? A folha que estava no caderno?
E havia um caderno,
que com o gato, de repente, também sumiu!
Esse gato, para ti, preto
como uma nébula fantasma
que se esconde no escuro
(no escurinho de tua letra)
escrita a um tremor roubado
iletrado!
Sim! como uma nébula fantasma
Teu fantasma!
que,
como o teu caderno havia feito,
de repente, sumiu!
E para ti só restou essa minha folha
já não tão branca
a contar para o mundo
Sobre a brancura de outras folhas, em outras linhas,
outros gatos e mil fantasmas
tão pálidos eles quanto a brancura
de tua face folha...
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