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quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Encontro.



Ali, no canto da rua,
Uma sombra caminha:
sente-se vasta na imensa solidão
                                                    do velho mundo.
De repente,Como um relógio na fotografia,
Tudo para!
Uma porta se abri:
Anjos traçam cruzes nas calçadas...
E ao virar-se para ver quem vinha,
Percebe
Ali, no outro canto da rua,
Um vulto caminha.
Fitam-se em um incompreensível horror.
Envergonhados, os anjos despiam-se do pudor.
Entre as duas almas,
há uma ponte de estrelas
É uma ponte de Silêncio...
Triunfalmente, caminham - a sombra e o vulto
- um para o outro.
A rua cheira às suas estranhas vontades 
E ao centro dela, os dois lá estão.
"Nefastas eras consomem-se 
Ilhas inteiras afundam
Torres bem quistas ruiram
Estrelas antigas caem... ah! o mundo enlouqueceu"
Mas ali,no centro da rua,
Um calor avermelha as faces
O vento passa traçando sorrisos, no ar
E ao lembrarem do espelho, notam:
Não sabem chorar!
E em enorme dor, cada um segue
para cada canto - oposto - da rua.
Numa súbita e breve inspiração da verdade,
Suspiram um para o outro:
- Meu Amor!

Os anjos prostram-se a chorar...